Tenho lido o capítulo 3 do Currículo da Cidade de São Paulo para Educação Infantil e, durante a leitura, vou fazendo relações com minha prática, vou avaliando meu passado, meu presente e meu futuro como professora de Educação Infantil, avalio meu percurso, meu crescimento, minhas rupturas, minhas continuidades, enfim, minha relação com meu trabalho com crianças na rede municipal de São Paulo.
A intencionalidade pedagógica é um conceito que aparece bastante nesse capítulo o que me levou a pensar especificamente sobre ele.
Já superamos o planejamento baseado em objetivos específicos, sendo assim, qual a compreensão que temos do que pretendemos fazer, do que permeia uma proposta, como pensar em projetos, não pensar em atividades soltas, como fazer conexões com o que achamos relevante para aquela turma? São reflexões.
Entendo que a intencionalidade ocupa esta lacuna e aponta caminhos. Temos falado muito de escuta da criança como norteadora de práticas e projetos, mas também precisamos pensar em como nos preparar para ouvir. Sinto que a cada passo que avançamos, temos mais perguntas, o que é muito positivo, pois a busca por essas respostas é o que nos move.
A intencionalidade é presente em todas as nossas escolhas como professora. Nada é por acaso. A articulação entre espaço, tempos, materiais e interações fornece um bom momento para escuta. Se pretendemos conhecer as demandas dos bebês e crianças com quem trabalhamos, antes de tudo, devemos pensar o quanto nossas propostas para escuta sugerem iniciativa, curiosidade, investigação e interação.
Será muito difícil conhecer o interesse das crianças se você organizar um ambiente com propostas muito direcionadas pelo adulto ou um projeto com sequência de atividades prontas. Penso que, o primeiro passo para identificar as necessidades e desejos das crianças vem da experiência da professora e escolhas baseadas em seu próprio repertório cultural, seus estudos e seu conhecimento sobre infância. Essa união é que nos leva a criar e oferecer boas propostas que se traduzem em um convite para a criança fazer perguntas.
As novas propostas e os possíveis projetos surgem quando a professora identifica essas perguntas e se abre para o inesperado e para novos desdobramentos. Esses, se traduzem em planejar vivências cotidianas em diferentes linguagens que permitam escolha por parte das crianças, novos deslocamentos e conexões com diferentes saberes. O projeto acontece quando esse processo é acompanhado e revisitado, quando a professora observa e documenta (anota, fotografa, filma, reflete, interpreta, avalia) o envolvimento das crianças com as propostas e as novas perguntas que vão aparecendo.
A revisitação é exercício essencial para vincular outras propostas ao contexto de pesquisa das crianças. Escutar é um processo contínuo, é a escuta que constrói significados e aponta os caminhos do projeto, não uma coleção de atividades.
Gostaria de ter mais informações sobre os cursos .